“Será que um coração, frio e machucado como o meu, poderia voltar a bater?”, sentada no banco do parque, meu subconsciente gritava essa pergunta, exigindo atenção.
Estava tudo mudado e caminhando por um rumo que, sabia eu, não ter volta. As vezes, no meio da noite, batia aquela saudade, aquela vontade de correr para eles e abraçá-los como a criança que um dia fui, mas então lembrava que jamais poderia vê-los de novo e o sentimento de conforto era rapidamente substituídos pela a angustia e a dor. Eu já não poderia mais ser aquela garotinha meiga, romântica e sonhadora como um dia fui…
–Ei mana, olha só o que eu fiz! –Tendo os pensamentos interrompidos olhei para o castelo de areia que minha irmãzinha apontava eufórica.
Apesar de ter apenas 7 anos, Tatiana não ficou tão desesperada ao saber da morte de nossos pais quanto eu, contando que ela não entende muito bem o que aconteceu e que não ira vê-los novamente, mas de vez em quando eu a ouvia chorar e ia lá confortá-la.
Um dia, nas férias do ano passado, estavamos no rancho da família e Tati chorava sem parar porque o potro tinha nascido morto entao nosso irmão foi consola-la… lembrar de nós cinco juntos me deixou feliz por uns momentos.
Concluir por fim que as mudanças são necessarias e com elas vem as lembranças que são capazes de trazer o mais belo e bobo dos sorrisos de volta a vida.
-Bruna Chamusca