Eu e Bruna criamos esse blog há muito tempo quando descobrimos que podíamos ser amigas e parar com as brigas infantis. De certa forma, ele é um marco na nossa vida. Marca o dia em que resolvemos expor aqui nossas paixões da época: a saga Crepúsculo, o gosto pela leitura e pela escrita. Pensava até em fazer jornalismo e lembro de ficar encarregada de postar as noticias do mundo "teen" e principalmente de Crepúsculo. Editamos layout, escrevemos descrições, fanfics, nos afiliamos com outros blogs, postamos muitas fotos e noticias durante o tempo em que movimentávamos bastante o blog.
O tempo passou, vestibular chegou pra mim e mesmo antes disso eu já tinha abandonado o blog por falta de tempo, paciência, vontade... Fui mudando. Tudo e todos sempre mudam. É só ler Alice pra perceber isso, perceber que sempre é difícil responder à pergunta da lagarta : "Quem é você?". Hoje não gosto mais de assinar do jeito que assinávamos (milhares de sobrenomes emprestados dos nossos ~ídolos); não curto tanto assim a Saga ( me decepcionei em vários sentidos, o que impediu que eu sustentasse aquela antiga paixão pelos livros e filmes, apesar de saber que foi importante e fez parte da minha história: o quem-eu-sou que vou forjando a cada dia); também não passaria mais tanto tempo postando notícias (faço psicologia e o jornalismo é algo mais distante e diferente do que fazia aqui também ushdu ) e , por último, faz tempo que abandonei a fanfic que escrevia pro blog.
Enfim, o que quero escrevendo tudo isso? Revitalizar o blog, resgatá-lo para que quando pesquisar meu nome no Google eu não tenha vergonha de quem fui. Não vamos apagar os arquivos, deixaremos tudo aí. Bruna, amante da história, não iria permitir que a nossa memória fosse deletada desse jeito. O que faremos é encher o blog com as nossas novas paixões, sem esquecer das antigas, afinal , o amor pela leitura e escrita sobrevive nas duas e creio que sempre nos acompanhará. Mudamos, mas quando se muda algo do antigo permanece para dar vazão ao novo, o quem-eu-fui sustenta o quem-eu-vou-ser de alguma maneira:
{minha humilde e primeira interpretação deste poema}Autotomia
Diante do perigo, a holotúria se divide em duas:
deixando uma sua metade ser devorada pelo mundo,
salvando-se com a outra metade.
Ela se bifurca subitamente em naufrágio e salvação,
em resgate e promessa, no que foi e no que será.
No centro do seu corpo irrompe um precipício
de duas bordas que se tornam estranhas uma à outra.
Sobre uma das bordas, a morte, sobre outra, a vida.
Aqui o desespero, ali a coragem.
Se há balança, nenhum prato pesa mais que o outro.
Se há justiça, ei-la aqui.
Morrer apenas o estritamente necessário, sem ultrapassar a medida.
Renascer o tanto preciso a partir do resto que se preservou.
Nós também sabemos nos dividir, é verdade.
Mas apenas em corpo e sussurros partidos.
Em corpo e poesia.
Aqui a garganta, do outro lado, o riso,
leve, logo abafado.
Aqui o coração pesado, ali o Não Morrer Demais,
três pequenas palavras que são as três plumas de um vôo.
O abismo não nos divide.
O abismo nos cerca.
Além das paixões que ficaram, como eu disse, novas surgiram : quanto a mim, ando descobrindo novos livros e autores, descobrindo um cinema menos tradicional, músicas... Há também um senso crítico para com a vida, o país, o mundo que não era tão evidente antes. Não se surpreenda, possível leitor, se ver postado aqui textos sobre feminismo, política, preconceito, filosofia (tentativas filosóficas, é claro hsudh )... Ah, como pode ver o amor pela poesia está cada vez maior; se depender de mim, isso aqui ficará ainda mais cheio delas. Poesia é possibilidade de interpretação, é sentir, é compreender com uma cega lucidez o que se lê*.
Paro por aqui, esse texto não é sobre poesia: é sobre o novo "Ainda-sem-título"* que virá e as possibilidades que ele nos trará.
Clara Chamusca
{ ou Analua }
* Ressalto que " Sociedade dos Sonhos Mortos " não permanecerá, uadhsu , eu e Bruna vamos decidir em breve um novo título. (okay, prima?)
**Esqueci de comentar sobre a paixão pela arte e sobre Bruna poder, quem sabe, postar suas peripécias e experimentações com as tintas e os pincéis (aguardo ansiosamente!).
** sobre poesia, a (in)definição de Wislawa talvez fique melhor:
Alguns gostam de poesia
Alguns —
quer dizer que nem todos.
Nem sequer a maior parte mas sim uma minoria.
Não contando as escolas onde se tem que,
e quanto a poetas,
dessas pessoas, em mil, haverá duas.
Gostam —
mas gosta-se também de sopa de espaguete,
dos galanteios e da cor azul,
do velho cachecol,
brindar à nossa gente,
fazer festas ao cão.
De poesia —
mas que é isso a poesia?
Muitas e vacilantes respostas
já foram dadas à questão.
Por mim não sei e insisto que não sei
e esta insistência é corrimão que me salva.
[ fonte dos poemas: http://revistamododeusar.blogspot.com.br/2012/02/wislawa-szymborska-1923-2012.html ]

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